quinta-feira, 31 de maio de 2012

SER CADEIRANTE ( Letícia Oliveira)

SER CADEIRANTE…

Ser cadeirante é ter o poder de emudecer as pessoas quando você passa…


Ser cadeirante é não conseguir passar despercebido, mesmo quando você quer sumir! E ser completamente ignorado quando existe um andante ao seu lado. E isso não faz sentido, as pernas e os braços podem não estar funcionando bem, mas o resto está!


Ser cadeirante é amar elevadores e rampas e detestar escadas… Tapetes? Só se forem voadores, por favor! Ser cadeirante é andar de ônibus e se sentir como um “Power Ranger” a diferença é que você chega ao ponto e diz: “é hora de MOFAR”.


Ser cadeirante é ter alguém falando com você como se você fosse criança, mesmo que você já tenha mais de duas décadas.


Ser cadeirante é despertar uma cordialidade súbita e estabanada em algumas pessoas. É engraçado, mas a gente não ri, porque é bom saber que ao menos existem pessoas tentando nos tratar como iguais e uma hora eles aprendem!


Ser cadeirante é conquistar o grande amor da sua vida e deixar as pessoas impressionadas… E depois ficar impressionado por não entender o porquê do espanto.


Ser cadeirante é ter uma veia cômica exacerbada. É fato, só com muito bom humor pra tocar a vida, as rodas e o povo sem noção que aparece no caminho.


Ser cadeirante e ficar grávida é ter a certeza de ouvir: “Como isso
aconteceu?” Foi a cegonha, eu não tenho dúvidas! Os pés de repolho não são acessíveis! Ser cadeirante é ter repelente a falsidade. Amigos falsos e cadeiras são como objetos de mesma polaridade se repelem automaticamente.


Ser cadeirante é ser empurrado por ai mesmo quando você queria ficar parado. É saber como se sentem os carrinhos de supermercado! Ser cadeirante é encarar o absurdo de gente sem noção que acha que porque já estamos sentados podemos esperar, mesmo!


Ser cadeirante é uma vez na vida desejar furar os quatro pneus e o step de quem desrespeita as vagas preferenciais.


Ser cadeirante é se sentir uma ilha na sessão de cinema… Porque os espaços reservados geralmente são um tablado ou na turma do gargarejo e com uma distancia mais que segura pra que você não entre em contato com os outros andantes, mesmo que um deles seja seu cônjuge!


Ser cadeirante é a certeza de conhecer todos os cantinhos. Porque Deus do céu, todo mundo quer arrumar um cantinho para nós?


Ser cadeirante é ter que comprar roupas no “olhômetro” porque na maioria das lojas as cadeiras não entram nos provadores Ser cadeirante é viver e conviver com o fantasma das infecções urinárias. E desconfio seriamente que a falta de banheiros adaptados contribua para isso.


Ser cadeirante é se sentir o próprio guarda volumes ambulante em passeios pelo shopping.

Ser cadeirante é curtir handbike, surf, basquete e outras coisas que deixam os andantes sedentários morrendo de inveja. Ser cadeirante é dançar maravilhosamente, com entusiasmo e colocar alguns “pés-de- valsa” no bolso…


Ser cadeirante é ter um colinho sempre a postos para a pessoa amada… E isso é uma grannndeeee vantagem! Ser cadeirante (e mulher) é encarar o desafio de adaptar a moda pra conseguir ficar confortável além de mais bonita.


Ser cadeirante é se virar nos trinta pra não sobrar mês no fim do dinheiro, porque a conta básica de tudo que um cadeirante precisa… Ai… Ai… Ai… Essa merece ser chamada de Dolorosa.


Ser cadeirante é deixar um montão de médicos com cara de: “e agora o que eu faço” quando você entra pela porta do consultório… Algumas vezes é impossível entrar, a cadeira trava na porta…


Ser cadeirante é olhar um corrimão ou um canteiro no meio de uma rampa, ou se deparar com rampas que acabam em um degrau de escada e se perguntar: Onde estudou a criatura que projetou isso? Será mesmo que estudou?


Ser cadeirante é ter vontade de grudar alguns políticos em uma cadeira por um dia e fazer com que eles possam testar os lugares que enchem a boca pra chamar de acessíveis…


Ser cadeirante é ir à praia mesmo sabendo que cadeiras + areia + maresia não são uma boa combinação! Ser cadeirante é sentir ao menos uma vez na vida vontade de sentar no chão e jogar a cadeira na cabeça de outro ser humano.

Leticia Oliveira

terça-feira, 29 de maio de 2012

Tire dúvidas sobre vagas para deficientes


 Gabriella Marini

  Especialistas em leis de acessibilidade explicam as regras para usar vagas reservadas .

Locais públicos e privados de uso coletivo devem ter no mínimo 2% das suas vagas reservadas para deficientes físicos.
A reserva de vagas especiais para deficientes físicos em estacionamentos - públicos ou privados - de uso coletivo é assegurada pelo decreto-lei de acessibilidade 5296. No entanto, passados sete anos em que a lei está em vigor, muitas dúvidas ainda permanecem para usuários, estabelecimentos e clientes.

O Portal da Band conversou com Teresa Costa D’Amaral, superintendente do IBDD (Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência), e com o bacharel em Direito e cadeirante Rodrigo Fagnani “Popó” para esclarecer algumas dessas questões.

1) Qual tipo de documentação é necessária para se conseguir o direito de parar nessas vagas?

RF: É necessário ter um cartão para ser colocado em um lugar de muita visibilidade como, por exemplo, o painel do carro. Esse documento é confeccionado e fornecido pela secretaria de trânsito de cada município. No meu caso, para obter o cartão, precisei apresentar a carteira de motorista que, no caso de deficientes físicos, já contém uma observação de que a pessoa é portadora de deficiência. Além disso foi necessário fornecer o documento do carro e um comprovante de residência.

TA: Os órgãos de trânsito de cada município informam a documentação necessária, normalmente cada cidade exige documentos diferentes. No entanto, é sempre obrigatório levar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) que mostra que a pessoa é portadora de deficiência.

2) Os locais públicos são obrigados a ter esse tipo de vaga? Quantas?

RF: A lei estabelece que todos os locais públicos e privados de uso coletivo como shoppings e parques devem ter no mínimo 2% de suas vagas de estacionamento reservadas para deficientes físicos. Se este porcentual der um resultado menor do que um, ainda assim é necessário ter no mínimo uma vaga específica para deficientes.

TA: O artigo 25 da Lei 5296 garante a reserva de no mínimo 2% das vagas em locais públicos e privados.

3) Qual a lei para locais privados de uso restrito, como condomínios?

TA: A lei não se aplica nesses casos. Cabe aos administradores de cada local decidirem como e quantas vagas reservadas devem ser disponibilizadas.

4) Caso a pessoa note que o local não possui o número de vagas necessárias, como ela pode reclamar?

RF: O usuário que notar quaisquer irregularidades pode chamar os órgãos fiscalizadores de trânsito, no caso de locais públicos. No caso de locais privados, quem cuida desse tipo de reclamação é a empresa administradora.

5) Como essas vagas devem ser?

RF: As vagas devem ser o mais próximo possível da entrada principal e precisam seguir as medidas padrão e normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Além disso, elas têm que respeitar todas as leis de acessibilidade.

6) Qual a punição para quem para neste tipo de vaga sem a documentação necessária?

RF: A infração tira três pontos da carteira de motorista e a pessoa é multada em R$ 57, além disso o carro pode ser guinchado.

TA: A lei estabelece que a utilização dessas vagas por pessoas que não estejam transportando pessoas com deficiência física constitui uma infração ao art. 181 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997.

7) Alguns locais colocam correntes e cones para reservar essas vagas. Isso é permitido?

RF: A lei não dispõe de nenhuma informação sobre esse tipo de prática. Normalmente, os locais fazem isso por causa do desrespeito das pessoas. Trata-se de uma medida válida se o estabelecimento deixar alguém disponível no local para retirar o bloqueio quando o deficiente físico chegar à vaga.


Obviamente, se não houver ninguém para retirar o cone ou a corrente, fica muito difícil parar nesses locais, já que as pessoas que as utilizam têm dificuldades de mobilidade. Eu, por exemplo, dirijo sozinho e preciso de alguém para ajudar a remover estes objetos. 



Fonte:  http://www.band.com.br/noticias/cidades/noticia/?id=100000506156

domingo, 27 de maio de 2012

Caí e levantei



Sei que muito acham que abandonei o blog. Não abandonei apenas estava dando um tempo pra mim mesmo.
Sei que já falei muitas vezes sobre aceitação, mas ainda não aceitei completamente a mudança da minha vida.
Apesar deu falar pouco sobre isso, mas tinha muitas esperanças que meu quadro se revertesse e que por um milagre acordasse e saísse andando sem ajuda.
Há algum tempo estou muito mais de cadeira de rodas. A minha fisioterapeuta falou que não deveria andar de muletas já que ela foi feita para quem problema em uma perna e não das duas. A muleta não dá estabilidade nenhuma e por isso é perigoso, enfim deveria ficar só na cadeira mesmo.
Ainda acho complicado ir a muitos lugares de cadeira, sem contar que muitos  lugares  não estão preparados e nem vão se preparar para me receber. Digo lugares públicos e até mesmo casa de muitos amigos. Então o jeito é ir de cadeira e quando chego ao portão acabo pegando minhas muletas (canelas finas como meu pai diz) e ir adentro.
Minha cabeça anda trabalhando como louca. Quero aprender a fazer coisas novas só não sei como. Por exemplo, estou procurando algum lugar para aprender artesanato perto de casa e não estou encontrando. Os lugares que achei são lojas embaixo e escola no superior (ESCADA).
Essa semana vou comprar alguns vídeos para ver se consigo fazer algo em casa.
Em casa muitas vezes é onde encontro dificuldades. Armário alto, cama Box baú, etc. A última foi o banheiro (adaptação zero). Hoje por exemplo fui tomar banho sentadinha no meu banquinho como todos os dias faço e cai um baita tombo. Graças a Deus meu marido estava em casa e me ajudou a levantar. Já tenho medo e só vou tomar banho quando tem alguém em casa. O PRIMEIRO TOMBO O LESADO NUNCA ESQUEÇE.
Preciso urgente vender este apartamento e providenciar meu banheiro. Sou mulher e não gosto de depender dos outros para algumas coisas.  Hoje por exemplo, precisando da ajuda do maridão para me levantar do chão me senti muito triste.
Bom mas vamos acabar com a tristeza e levantar desta cama , me arrumar que vou pro show da Fafá de Belém.
Sou uma  pessoa muito eclética para música. A semana que vem vou ver Alceu Valença. Este mês também pretendo ver Demônios da Garoa, Teté Espíndola e lógico Adriana Calcanhto.
Depois conto tudo
Beijinhos e fiquem com Deus.